De novo, eu volto aqui pra escrever sobre o meu Vô. Agora, já se passou quase um ano. Há um ano atrás, eu tava começando a viver o período mais difícil da minha vida. Começando, porque ele ainda tá longe de acabar...
Quinta-feira, dia 20, eu saí de férias de novo. A vontade era pegar o primeiro ônibus e vir pra Barretos, como eu sempre fiz. Mas não consegui.. Obrigada trânsito por ter me ajudado nisso! Mas eu não conseguiria ter tanta força pra fazer isso... O "normal" de sair de férias era encontrar o meu Vô me esperando e querendo saber como foi o semestre, se fechei em tudo e falando "tá vendo? já foi mais um, tá passando rápido e daqui a pouco vc volta pra cá". Voltar do intercâmbio nas férias não teve o mesmo sabor. Não teve porque era tudo diferente, era uma volta que eu nunca tive (e uma falta que eu nunca tive também).
Cheguei na sexta-feira e foi horrível... Toda vez que eu venho e não acho ele, dói. Mas essa dor bateu mais forte... foi a primeira vez que eu me vi realmente desamparada. O dia não acabava e os meus pensamentos foram refazendo o que tinha há um ano atrás. O começo da conversa, ele não acreditando que a pequena realmente ia pro outro lado do mundo e a carinha dele de desespero de não saber se ia conseguir lidar com a saudade. A tal força de um gigante que ele tantou falou no dia e eu não tinha noção do que era, os conselhos de que o que estaria por vir iam machucar muito mas era necessário... Mal sabia o que realmente aconteceria!
Sempre que eu pensava em perder alguém, nunca cogitava a ideia de perder o meu Vô. Por mais que ele já tivesse passado por fases ruins e melhorasse, por mais que tudo indicava que aos poucos, as coisas iam acontecer, eu nunca me preparei realmente pra isso. Fui forte, mais do que eu imaginei pra isso.. Ouvir ele falando pra mim naquela semana angustiante de hospital que ia morrer foi a pior cena da minha vida, entreguei pra Deus e deixei o meu coração de lado. Por um bom tempo, eu consegui fazer isso. Ter ido pra Madrid me ajudou como nunca a adiar o sofrimento. O problema maior está agora... Depois de um ano, eu não consigo mais "deixar pra lá", a dor dói como nunca, como se tivesse acontecido ontem e só eu não percebi. Parece que é só por agora que a minha ficha realmente caiu...eu perdi e não consigo lidar com isso. É estranho que por mais que já se tenha passado um "bom" tempo, eu ainda tenho a certeza de que faz pouco, é como se sentisse que ele sempre está por aqui. Não consigo ainda ficar muito tempo sozinha nessa casa, sempre que fico, já me pego indo no quarto dele procurar e não tem ou pensando que se a casa tá muito quieta, ele deve estar aprontando alguma. Procuro, procuro e não acho... Não dá para explicar muito bem o que o Bisma é pra mim... é mais que Vô, mais que pai, acho que mais que qualquer coisa que eu já senti na minha vida, talvez seja por isso que eu escolhi o infinito pra tatuar em homenagem. Cheguei no final de junho sabendo que esse seria um dos meses mais difíceis até agora...é a volta pra aquilo que me tirou o que eu mais amo, é a saudade que machuca como nunca e a falta que eu percebo que não tem como remediar. Eu sei (e ele com o seu espiritismo me ensinou) que a saudade dói nos dois mundos.. tento imaginar como será para ele essa nova fase, o quanto será que eu faço falta e o que ele pensa de tudo que anda acontecendo na minha vida. Ainda não consigo pensar muito bem na certeza de não ter a presença na formatura e principalmente, no maior combinado que era o casamento.
Esse final-de-semana não poderia ter sido pior, quando eu acho que as coisas vão finalmente, começarem a tomar um rumo certo elas me mostram que eu tava completamente enganada. Daqui três dias, completa onze meses que parecem dois e ao mesmo tempo, vinte.
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