segunda-feira, 30 de julho de 2012

Mais da metade cheio

Deus atendeu o meu pedido, levou o meu infinito pro lugar que ele merece. Não sei bem o porquê mas eu tinha certeza de que isso aconteceria na sexta e aproveitei a quinta pra ficar com ele no hospital por um bom tempo. Aproveitei o meu último dia, não que eu queira ficar lembrando desse dia, pq as lembranças que eu quero não envolve essa última semana de sofrimento. Mas foi assim, a nossa ligação não acabou..nosso amor então, impossível de acabar. Por incrível que pareça, eu tô bem! Ainda brinquei que parece que já faz um mês, não sinto mais aquela dor sufocante..talvez por ter chorado tudo que eu precisava no velório. Agora tá uma saudade gostosa, uma vontade de dormir pra sonhar com ele. Mudar a sala de tv e o quarto dele foi um ponto importante, deu uma amenizada. É engraçado que tudo lembra ele, a casa ainda respira Bismark e vai respirar por um bom tempo. Na hora que foi acontecer, eu mandei uma mensagem pra uma amiga dizendo que Deus podia levar ele logo e cinco minutos depois, Ele me atendeu. Pra sair de casa, o Theo começou a chorar..pois é, cachorro chorando; uma lágrima saindo do olho direito dele que cortou meu coração. Eu fui pra lá achando que era só os batimentos baixos e o balão de oxigênio, que nada...eu já sabia  o que tinha acontecido. E como era de se esperar, ele não me deixou ver. Foi antes que eu chegasse...
E como dói aquele momento...uma dor sufocante, parece que falta o ar, que cortaram meu coração. Depois eu fui amenizando, a noite só tinha uns picos e a madrugada foi tranquila. Agora eu me apego nas lembranças boas e tô me cuidando, como eu sei que ele gostaria que eu fizesse. Cada dia é um dia e as forças tão aumentando conforme o tempo passa. Eu não perdi o meu amor, ele só passou pro outro lado. Eu ganhei um anjo, alguém que vai me guiar sempre. Não deixei de pedir bença quando vou sair, a diferença é que eu não escuto a resposta mas sei que tá me protegendo. Talvez o sentimento de dever cumprido esteja ajudando a me confortar, hoje eu posso dizer que não me arrependo de nada que perdi pra ficar com ele. Nenhuma festa, churrasco, bar...valeu muito a pena não poder ter ido em alguns pq tinha que dar banho nele ou ficar olhando. Se fosse possível, eu faria tudo de novo e de novo e de novo...

Lembranças de uma vida toda, dos sábados indo na feira, das épocas de Festa do Peão em que ele me ensinava os versinhos e dançar catira pra fazer na escola, de ouvir Nelson Gonçalves e Dalva de Oliveira pra ele cantar, de fazer macarrão com bastante molho pra ficar do jeito que ele gostava, de comer pamonha e curau, de brigar quase todo dia pq ele deitava no chão pra fazer exercícios e por último, de ter mostrado o meu primeiro telejornal e ver a carinha de orgulho dele...ô saudade!!!

Obrigada meu Deus, por ter atendido os meus pedidos. Por mais que doa ficar sem ele, dói muito mais ver sofrendo. Obrigada a todos que ficaram comigo nesse momento difícil...aos que foram, aos que ligaram, aos que mandaram mensagem, aos que estão longes mas de alguma forma falaram comigo. Obrigada pela família que eu tenho, essa que está cada vez mais unida, que a morte do meu Vô não abalou em nada, ao contrário, só nos fortaleceu e uniu.

Obrigada por ter me dado a chance de passar esses quase 20 anos com uma pessoa incrível que era o meu Vô, o meu mecânico, meu jogador da Portuguesa mais conhecido como Cabecinha que sabia que faria o gol e nem olhava pra trás, com o meu maior amor do meu mundo, o meu infinito.

De onde quer que você esteja, eu só posso te agradecer por tudo, por ter me feito quem eu sou, por ter me ensinado tantas coisas e por estar sempre ao meu lado. Por você, como eu prometi, eu fico bem e continuo a minha vida.

"Naquela mesa tá faltando ele e a saudade dele tá doendo em mim"


                     

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Cheio ou vazio???

 Eu sei que um dos últimos posts foi sobre o meu Vô, mas a vida é engraçada, como sempre dá umas reviravoltas que você não imagina que pudesse acontecer. Há uma semana atrás, eu tava indo pra SP pra tirar meu visto e na quinta, meu Vô passou mal. Cheguei na sexta, sem saber de nada e no sábado ele internou. De lá pra cá, só aflição e angústia. Estranho como em um mês ele passou do alto da montanha ao fundo do mar, há um mês atrás eu estava contando do intercâmbio e hoje me vejo aqui, sem saber quais os próximos capítulos dessa novela onde os espectadores não veem a hora de terminar.
 Sempre que eu pensava sobre esse momento, eu imaginava uma Mariana sem chão, sem estrutura e frágil. Hoje, que infelizmente eu estou vivendo esse momento, eu vejo uma Mariana que surpreende até a mim mesma. Não sei de onde vem força, garra e vontade que esse tormento acabe.
 Quase uma semana que parece um mês, é assim que defino esse tempo. Aliás, um dia já parece uma eternidade. Essa enrolação dos médicos, essa história de não ter o que fazer, só ficar ali, olhando...acaba comigo por dentro! Por dentro, porque por fora eu tô aqui, firme e forte pra ele ver que eu tenho a tal força de gigante. Quem diria...meu Vô me conhece mais do que eu mesma, ele já sabia que eu aguentaria o tranco, que a tal força de gigante que ele me disse há um mês atrás apareceria e não me deixaria esmorecer.
 E mais uma vez, ele me ensinou uma lição super importante...a de entregar à Deus aquilo que eu mais amo. Eu não sei quantas vezes pensei nisso e achava que não daria conta, até que o momento chegou e eu dei, consegui entregar de coração. Consegui pensar que o melhor seja feito e pra ser sincera, eu não aguento mais ver o meu grande amor sofrendo.
 Não é a melhor hora pra isso acontecer, ou talvez seja..sei lá, eu não sei mais o que pensar, o que fazer. Como uma amiga disse uma vez em situação parecida, é como um copo meio cheio, meio vazio...não ter o que fazer, não saber o que realmente vai acontecer, é uma angústia e imprevisibilidade constante. Quando eu penso que vamos no caminho A, o B surge e me deixa esperançosa. Quando acredito no B, volta pro A ou pula pro C.  A cena dos próximos capítulos tá na mão Dele, do grande autor da vida...só espero que tudo se resolva bem!

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Razão x Emoção

Quantas vezes eu já me peguei pensando se queria ter razão ou ser feliz. Difícil decidir qual dos dois vale mais a pena. Talvez seja porque em algumas vezes ser feliz importa muito mais do que ter razão. Mas em outras, a razão prevalece e a emoção fica de lado, esperando o momento certo pra entrar em cena novamente. Depois de muito pensar (e sofrer) sobre isso, passei a agir da seguinte forma: sem cobranças, sem desespero. A razão e a felicidade estão aqui, lado a lado, cabe a nós decidir em qual momento alguma impera. Sempre vai ter uma chance para o outro lado, sempre uma vai fortalecer a outra. Ser racional pode nos tirar a chance de ser feliz mesmo que por alguns instantes. Do mesmo modo que ser muito emotivo pode nos levar a cometer loucuras desnecessárias e que não trazem significado pra nossa vida. Buscar o equilíbrio é o que devemos. Nem tanto ao mar, nem tanto a terra, nem sempre racional, nem emotivo o tempo todo. 




Texto publicado no jornal O Dia da cidade de Barretos edição nº97 de 30 de Junho de 2012